1.2.09

HISTÓRIA DE UM CARROSSEL

Nesta ausência de dez dias estive em Lisboa a preparar a exposição, que vai ser no próximo dia 21 de Fevereiro, às 17h00, na Galeria Bernardo Marques, na Rua D. Pedro V, 81, em Lisboa (duas casas depois do Pavilhão Chinês). Um dos trabalhos que vai lá estar é este bloco Moleskine (14 cm por 8,5 cm) que tem desenhos feitos a aguarela e caneta. Deixo-o aqui reproduzido, para no post seguinte deixar um conjunto dos outros desenhos que lá vão estar. A exposição chama-se ALBA ATROZ e também nesse próximo post vou apresentá-la. Gostava muito de encontrar lá todos os que acham piada aos bonecos fossem lá, nesse dia ou em qualquer dos outros, porque a exposição vai ficar até ao final de Março.
É verdade, as fotografias foram tiradas pelo Henrique Calvet, para o Catálogo, as que estão em baixo estão em formato reduzido (tanto em tamanho como em peso, ainda assim clicando-se duas vezes sobre elas consegue-se ver o desenho sem perder nitidez).
1. Capa

2. Contra Capa

3. Havia um carossel às vezes no lugar onde viviamos


4. aquilo assustava-me porque às vezes via bichos estranhos no lugar das girafas e dos cavalinhos



5. Algumas das figurinhas do carrossel com o movimento pareciam estar numa caravela esquisita


6. Mais estranhas ficavam as figuras quando o carrossel parava no meio da noite descampada sem vivalma, ao luar


7. E quando de repente começavam a girar ficavam todas muito juntas e pareciam um daqueles dragões com 2 cabeças


8. Quando o carrossel parava, entre os dois badalos da sineta, as figuras convidavam-me para o céu

9. Andar nele era como embarcar num foguetão em que todos iriamos parar a um sítio que era o lugar daquelas figuras

10. Enquanto girávamos a minha cabeça ficava à roda e imaginava esse lugar com um piano ou um rialejo a tocar

11. As minhas figuras preferidas do carrossel, a faneca e o peixe pumba

12. Quando fechava os olhos via uma cidade cheia de brinquedos como o destino da nossa viagem

13. Mas quando os abria ficava à espera que as figuras do carrossel acabassem por se tocar


14. Mesmo a minha cidade, durante as voltas do carrossel, mudava, parecia abrir-se para ele

15. Até as cores dos prédios e das pessoas pareciam imitar a das madeiras do carrossel

16. Talvez por causa disso eu passei a ver a minha cidade como se fosse um carrossel adiado

17. Em que todos, mas mesmo todos, ficavam estáticos à espera do início do movimento tão aguardado

18. Tão quietos que comecei a perceber a origem dos fósseis, da côr dos fósseis contra as paredes

19. Fósseis que vistos de perto pareciam coloridos e alguns com cidades antigas dentro deles

20. De tudo isto eu falava aos outros na esperança de que à cidade voltasse o carrossel

21. E eu e todos a quem falava do bom que seria voltar a tê-lo de volta ficávamos a ver o mesmo vazio que eu

22. Aos poucos muitos mudaram-se para a ponte por onde se chegava ao lugar onde vivíamos, à espera

23. E os que ficaram na vila preocuparam-se e como antes faziam voltaram a reunir-se

24. Decidiram então construir um carrossel, em que cadsa um escolhia a figura que seria

25. E podia imaginar a melhor cidade , o melhor dos mundos para viver, desde que acreditasse no mover

26. Mas na espera do regresso do carrossel reparei que o único movimento era das naús

27. E o das azas dos anjos, caídas

28. A vida segue nas páginas em branco

29. Páginas em branco
FIM

4 comentários:

Rosa disse...

Tiago, gosto particularmente deste formato, tem tudo a ver com a sua forma "nómada" de pintar. Vou tentar ir à sua exposição.

Tiago Taron disse...

Também gosto deste formato, que é o que me cabe no bolso de dentro do casaco. Ficaria encantado se fosse. Obrigado.

Patti disse...

Opção exacta para um itinerante.

Bonecos, mas bonecos com vida. Vida pequenininha, mas vida.

Tiago Taron disse...

Ainda não percebi se é mesmo pequenina a vida dos bonecos, sobretudo quando deixamos de os ver e eles vão para a sua vida (quando fechamos os livros, ou quando as luzes do carro devolvem ao escuro as figurinhas dos sinais de trânsito). talvez seja.