22.3.09

"Mi Barrio"

Há um conto do Jorge Luís Borges que me persegue, são só cinco páginas e chama-se "El hombre de la esquina rosada". Passa-se todo ele numa espécie de taberna/saloon/bar de pousada/alterne, tudo isto junto no meio de um descampado, de uma espécie de deserto como os lugares de outro de quem gosto muito e se chama Juan Rulfo.

Acabo o quadro do "Alto Bairro" e procuro um fado. Procuro no "Google" uma letra que fale deste bairro e que não seja a do "Bairro Alto e os seus amores...". Deambulando pela alea das respostas do google dou com a expressão "mi barrio" e lembro-me outra vez do Borges e de Piazzola e de Juan Rulfo: "Mi barrio" soa muito melhor que o "meu bairro". Encontro de repente uma quadra de um tango e desisto de procurar um fado. Encontro isto: "

"La geografia de mi barrio llevo en mi sera por eso que del todo no me fui la esquina, el almacén, el piberio, los reconozco… son algo mio !… Ahora sé que la distancia no es real y me descubro en ese punto cardinal volviendo a la niñez desde la luz teniendo siempre el corazon mirando al Sur !… " (El corazon l sur, Eladia Blásquez (Tango) 1975).

Redigo para mim na língua do meu bairro: "a geografia do meu bairro levo-a em mim e é por isso que não me fui de todo da esquina (...). Agora sei que a distância não é real e descubro-me nesse ponto cardeal regressando à infância desde a luz (...)."

Existirão fados que melhor digam o bairro alto, para mim o melhor que encontrei foi esta parte de um Tango.

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