8.4.09

O ÚLTIMO CIGARRO

Acabei de acender o cigarro que quero que seja o último. Arde no conzeiro à minha frente, solicito e cumpridor na função de ir mantendo a chama enquanto o deixo para ali, está no seu tempo e como muitas das coisas condenadas segue o seu caminho indiferente. Fumo desde os 15 anos, muitos cigarros, hoje decidi que já não tenho idade para continuar nisto, que não posso continuar a degradar as hipóteses de acreditar numa espécie de segunda juventude - reservada àqueles que se maltrataram durante anos e depois acreditam nesse bónus dado pela regeneração de algumas células e tecidos. Ouço o que dizia Jacques Brel sobre o seu não cuidar de si e da saúde, tenho uma vaga memória da sua reacção quando soube que ia morrer de cancro, acho que pegou num barco e foiu para uma ilha. Quero adiar esse momento, quero viver os meus filhos e por isso, enquanto escrevo, olho para o cigarro que quero que seja mesmo o último e uso preversamente este lugar onde só escrevo banalidades para, fraco como sou, me comprometer a vir aqui todos os dias dizer que sim que estou mesmo a conseguir, que este cigarro que irei apagar quando fizer "Publicar" vai ser mesmo o último. Já está naquela fase em que não sabe sequer bem e que as passas que se dão o são por inércia, por resignação. FIM DO ÚLTIMO CIGARRO. AGORA

3 comentários:

Patti disse...

Para já parabéns, não pela decisão, que essa é fácil de tomar mas pelo compromisso de a assumir.

Eu fiz o mesmo vai para quase dois anos, o maço inacabado continua exactamente no mesmo sítio onde o deixei, da última vez que lhe peguei. Ficou com 14 cigarros e lá continuam, mas seguem a olhar para mim…
Eu gostava muito de fumar, era um prazer grande, mas racionalmente não fazia sentido arriscar-me a perder anos de vida, quando ainda quero fazer, ver e criar tanta coisa.
Eu tinha uma vantagem em relação a muitos outros fumadores: nunca me tentei a pegar num cigarro, quando alguém o fazia. Nunca puxei de um cigarro por impulso. A minha tentação era o café e tive de cortar com ele também. Café e cigarro são o exemplo do crime perfeito.

Mas sei que apesar de já não fumar e julgo que não o volto a fazer, nunca serei uma não fumadora.

Tiago Taron disse...

Obrigado Patti,
Pois eu serei sempre um fumador, estou consigo, mesmo não fumando, serei sempre quem viveu de cigarro na mão e nicotina no coração todos os momentos da vida. Pois no meu maço sobraram 17. Pintei cada um deles com aguarela e estão agora a secar para os desenhar, depois mostro. Para já é só um compromisso, cada vez que me apetecer muito fumar vou desenhar num bloco essa angústia, tão compulsivamente (o desenho) quanto o vício, a ver quem dobra quem, o vício do desenho ou o do tabaco.

ju e lu [e vice-versa] disse...

ha qto tempo não visitava esse longiquo lar virtual...

espero mesmo que sejas esse, seu ultimo cigarro...
qdo visitares minha casa virtual, troque o cigarro por balas e bombons! ficará assim...
café, balas e bombons na terra do nunca! :-)

ju mancin