6.10.09
6 DE OUTUBRO
imagem de Museu Macónico: "A República era apresentada como exemplo de beleza, de acordo com os cânones da época"
No dia a seguir ao dia 5 de Outubro estaria também a chover esta murrinha feita para fazer luzir as pedras das pedras das calçadas e maldizer qualquer coisa da vida? Como é que se acorda de um dia daqueles? Sim! porque todos dormiram a certa altura, os maçons os anarquistas os fieis e os infiéis. Estarei certamente enganado, mas não imagino o dia 6 de Outubro com um Sol radioso, com o tejo amplamente iluminado e aquela Praça do Comércio olhando para o Iate D. Amélia a partir sem o obrigar a regressar e a dizer que o pesadelo acabou, "que o dia amanheceu em paz", que era manhã outra vez, que estava tudo claro, outra vez, que os feios voltaram às suas células maçónicas e os aristrocratas aos seus lugares nos quadros onde é suposto estarem para acreditarmos que há alguém superiormente feliz.
Isto não tem nada de monárquico, nem de anti-republicano, é mais uma questão estética ou pretensamente cinematográfica. Do pouco que sei sobre a implantação da República é o feio que associo àquilo tudo. Desde os retratos dos intervenientes, à sucessão das bandeiras, até aos pouco factos que fui conhecendo de forma avulsa (a morte do Rei e do Príncipe e uma mulher que os defende com um ramo de flores, batendo e chamando "infames, infames"; uns homens clandestinos agremiados em confrarias maçónicas e que se baptizavam com nomes como D'Artagnan [Miguel Bombarda], Pilatos [Francisco Grandela, autor dos armazéns a quem deu o verdadeiro nome]) tudo tem a marca do feio e do sinistro, na versão triste e sombria.
Hoje, porque sei muito pouco desse tempo mas sei que só por ignorância e idiotice total escrevo o que acabo de escrever, fui à Fundação Mário Soares comprar o livro "A Maçonaria e a Implantação da República". Comprei o livro e estive a lê-lo até agora, querem que seja franco? Acho que na minha ignorância existia qualquer coisa de sábio, qualquer coisa cuja origem vem do que se pressente e não do que se sabe. O livro é fantástico porque não altera nada dessa imagem - antes pelo contrário - e tem uma colecção de histórias que eu em absoluto desconhecia por completa ignorância e que me deixam comovido com o militantismo republicano e a sua persistência em não admitir que tudo aquilo parece muito, mas muito feio mesmo.
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