26.5.11

Eden (adeus jardim - história de um quadro)

Durante o passado mês, todos os dias, das oito da manhã até às oito da noite, com um intervalo de descanso para ir almoçar à Rosa da Rua, pintei um quadro durante a exposição "Adeus Jardim". Desde que mostro os meus desenhos que procuro estar no sítio onde eles ficam, pintando e mostrando com e como o faço. Já o disse muitas vezes: desenhar foi para mim uma revelação de tal forma feliz que sinto o dever de procurar convencer quem conseguir a experimentar; a pegar numa caixa de aguarelas e começar por brincar com as cores, continuar até que aperecessem coisas com a mesma natureza daquelas coisas que vemos às vezes na nuvens, nos reflexos no chão, no fundo da chávena de café.
As imagens que se seguem são do final desse quadros (os detalhes publicarei amanhã). No fim levei-o a passear. Nesse passeio o quadro levou-me à loja onde se fez fotografar. É uma florista, um dos lugares mais românticos e inspirados de Lisboa. Fica no Príncipe Real e chama-se "Nome da Rosa" (está no Facebook com este nome e fica na Rua D. Pedro V, encontra-se logo porque tem invariavelmente a montra mais bonita da rua, da respondabilidade do seu dono:: Maurício Fernandes.
Durante o mês que pasei dentro daquele quadro praticamente não fiz mais nada senão acordar e ir ter com ele e sair da galeria para ir dormir a pensar no que faltava para que gostasse dele.
Sem que eu quisesse ou tivesse consciência o quadro ficou marcado pela visita à Galeria de um senhor que desenhou a última colecção de jóias para a Fabergé (a colecção anterior foi desenhada há cem anos), esse Senhor chama-se Frederic Zaavy e não faz a mínima ideia do muito que influenciou este quadro com os desenhos das suas jóias que podem ser vistas aqui.
Na última das fotografias está quem fotografa como eu gostavade pintar: Inês Gonçalves.








5 comentários:

Bípede Falante disse...

Quando um jardim se sobressai em uma tela é porque o artista é mesmo um grande talento. Estão incríveis os quadros. Beijo.

Francisco Coimbra disse...

Achei que a tua história podia continuar onde eu começasse a comentar, mas achei melhor escrever antes de ler. A ideia parecia irracional, ao mesmo tempo que bastante razoável. Não, não iria escrever muito. Desdizendo-me, estava já com saudades de voltar a ler o que escreveste. Essa veste de palavras onde a tua fala se solta, livre como um corpo que não se sente preso em suas vestes, antes protegido e agasalhado no afago dum tecido, tecido com leveza e agrado para o olhar, como se feito houvesse sido para todos os sentidos servir. Bjs

Tiago Taron disse...

Bípede e Francisco muito obrigado.

Francisco Coimbra disse...

Finalmente li a história, a minha “história” não faz sentido como comentário. Como história, pode ser uma história sem sentido, não perde o sentido por isso. Vou-a fazer como um voo ao encontro dos sentidos, nessa medida (a medida dos sentidos) ela faz todo o sentido.

Parabéns pelas imagens, pela forte ligação – às (a + as ~ as_as…) mesmas – com as quais são mostradas.
http://diariodedetrasii.blogspot.com/2011/05/medida-dos-sentidos.html

Tiago Taron disse...

Francisco, mais uma vez obrigado, irei visitar o seu lugar. Abraço