Quando vim parar aqui encontrei um lugar à minha espera. Um lugar que tinha o mesmo semblante das pessoas que esperaram muito de mim e que depois, já que lá estavam, ficaram, apesar da desilusão. A desilusão do lugar tinha a ver com o tarde da minha chegado. Não se chega aqui aos quarenta anos, aos quarenta anos não se chega a lugar nenhum, é suposto já se ter chegado e estar a cuidar desse lugar. Mas como à Patti a aborrece o "tem paciência" e o "estava escrito", a mim aborrece-me o "é suposto". Aborrece-me tanto que o suposto foi muitas vezes fazer o que não era, suposto.
À entrada do monte há uma tabuleta de madeira, sem nenhuma inscrição e que aponta para o caminho por onde se chega. Das primeiras coisas que comprei foi uma lata de tinta para pintar na tabuleta o nome que eu queria que este lugar tivesse enquanto aqui ficasse: "Amor aos Montes". Nunca cheguei a pintar essas letras e a placa continua lá. O nome foi no entanto ficando no ouvido e ainda ontem, quando me pediram a nova direcção disse: "Amor aos Montes" e o resto da morada.
Hoje, recebi este comentário (o de CN) de um dos jornalistas de que aprendi a gostar, tal como aprendi a gostar do Mário Crespo. Perante esse comentário o nome que queria ter escrito na tabuleta do caminho, passa directamente para este sítio, que de "Escrita em Dia" se passa a chamar "Amor aos Montes".
Porque mudou o nome, mudou também a frase do "sub-título" que já não é mais a da linha da sorte, traçada na mão com a navalha do pai do Corto Maltese, mas a do enorme Teixeira de Pascoaes., que escreveu: "
Uma parte do nosso ser, a verdadeira, é invisível, como o ar que agita os ramos"
A quem tinha nos seus links a "Escrita em Dia", peço desculpa e aqui fica a explicação da mudança (que é só do título e não do endereço). Ao Carlos Narciso o meu agradecimento pela impecável forma como tratou do assunto.
4 comentários:
Muda-se já o nome nos links e não se fala mais nisso, até porque este novo nome assenta-lhe como uma luva.
E o Pascoaes... Que maravilha!
Maravilha? Nome?
Maravilha de nome é o seu, Rosa. E ainda por cima portadora desta frase de Paul Eluard: "Je parle d'un jardin - Je rêve - Mais j'aime justement". Bien sur, Rosa, L'important c'est la Rose. Merci
Resumido, é suposto, ter paciência e alterar o que está escrito.
ou como se dizia no Gatopardo: "ás vezes é preciso mudar alguma coisa para que tudo possa continuar na mesma."
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