Ex.mo Senhor
Presidente da Câmara Municipal de Lisboa
Dr. António Costa
Ex.mo Senhor
Vereador dos Espaços Verdes
Dr. José Sá Fernandes
Entregue por mão própria nos Paços do Conselho
Lisboa, 25 de Novembro de 2009
Ex.mos Senhores,
É com enorme preocupação que assisto ao abate das árvores que circundavam o Jardim do Príncipe Real e que formavam uma primeira cercadura de verde que conferia ao Jardim uma interioridade que já se perdeu.
Independentemente da discussão estética (nos gostos não há democracia e quando há geralmente é um desgosto), a descaracterização do Jardim que se iniciou com o abate de tantas árvores parece que vai continuar com a colocação de um piso de saibro semelhante ao que já existe no Jardim de São Pedro de Alcântara.
Ora, se é compreensível que na Expo se façam experiências de mobiliário urbano, de novos revestimentos, de pisos mais ou menos mediterrânicos com imitação de areais e oliveirinhas no meio, já é difícil de aceitar que se procure imitar no Príncipe Real o que aconteceu há dez anos na Expo.
Se perante o flop que é a Expo em termos urbanísticos me dissessem que uma das vias para salvá-la seria o de procurar imitar o que há de característico no ambiente da Lisboa antiga, nos seus vários bairros. Se me dissessem que iriam tentar reproduzir o Jardim do Príncipe Real numa das Praças que perpetuam na Expo o cunho do "bom jour Tristesse" da obra do fantástico Siza Vieira, eu perceberia. Agora antever o contrário, imaginar o docemente sombrio Jardim do Príncipe Real transformado num garrido e claro (o saibro é claro), jardim das Oliveiras do CCB, faz-me temer o pior para esta zona da cidade que de dia para dia melhorava. Eu que gostava tanto do Quiosque do Refresco, já não sei se o vou suportar no meio do novo saibro, no meio daquilo que no fundo antecipou com o seu ar excessivamente arranjadinho (que me desculpe a Catarina Portas, mas só gosto do Quiosque em contraste com o que lá existe, imaginá-lo como extensão do "novo jardim" que sem querer pressagiou faz-me dizer isto.
O que eu gostaria de saber como alguém que há anos vive no e do Príncipe Real (tenho aqui o meu escritório e atelier) é se um projecto com este grau de intervenção numa das áreas mais emblemáticas da cidade, não deveria ter sido sujeito a consulta pública e informação detalhada que permitisse a cada um pronunciar-se e, no limite, agir, em defesa do que para si pode ser essencial numa cidade.
Se no caso do túnel do Marquês foi possível agir a tempo antes que o mal fosse feito, nesta intervenção, a falta de informação (em parte nenhuma se explicou que iriam ser cortadas TODAS as árvores que circundam no passeio o jardim) impediu que, por exemplo, se tivesse instaurado um procedimento cautelar semelhante ao que foi intentado por aquele que é agora Vereador dos Espaços Verdes (se não me engano, quanto à última afirmação).
Pelo exposto e se não for pedir muito, gostaria que alguém da Câmara ou da Vereação esclarecesse os seguintes pontos: (i) é mesmo verdade que vão cobrir de saibro o piso do Jardim do Príncipe Real? (ii) a largura do passeio envolvente ao Jardim vai manter-se? (iii) no passeio envolvente também vai ser colocado saibro? (iv) vão ser substituídas as mais de cinquenta árvores cortadas por outras? Se sim em que número de que tipo e com que porte?
Era só isto que eu gostava de ver esclarecido, se fosse possível.
Sem outro assunto e antecipadamente grato por toda a atenção dispensada ao presente, envio os meus melhores cumprimentos,
Atentamente,
Tiago Taron
12 comentários:
Pois é Tiago, mais do mesmo, reabilitar é uma palavra que hoje em dia me arrepia.
Rosa,
Obrigado pelo comentário (em especial pelo anterior). Acabo de chegar da Câmara Municipal de Lisboa onde entreguei esta carta, apresentei uma reclamação e pedi para falar com o Dr. José Sá Fernandes (talvez amanhã, disseram). Entretanto está uma espécie de abaixo assinado no Quiosque do Oliveira que protesta contra a descaracterização do jardim (nomeadamente a colocação de saibro como fizeram no Jardim de São Pedro de Alcântar).
Boa tarde Tiago,
É verdadeiramente vergonhoso o que se está a passar e compartilho a sua preocupação e tristeza. Diga-me qual a causa no Facebook pois quero também divulgá-la e receber updates do que se está a passar.
Obrigada
Raquel,
A chamada "causa" (quanto mais escrevo as expressões vinculadas do FB mais embiro com elas) tem o nome "NEM MAIS UMA ÁRVORE MENOS NO RÍNCIPE REAL" (http://apps.facebook.com/causes/405807/38692457?m=1a240be5)
O nome foi dado quando estavam a cortar as árvores, hoje no passeio envolvente já não rsta enhuma. Depois do comentário da Rosa, que reproduzi num "post" acima, gostava mais de a ver como "Jardim do Príncipe Real e Romântico par até depois de nós". Mas é muito comprido e eu percebo anto disto de causas como de FB. Aliás deveria ser our pessoa a admiistar aquela coisa. Vluntários?
Toda a ajuda que precisar conte comigo. Trabalho numa agência de Marketing Relacional e estou habituada a tratar de campanhas que utilizam o Facebook. Já divulguei por todos os meus amigos e espero que se propague. O Facebook tem essa vantagem de facilmente fazer correr a mensagem e acredito que seja o canal certo para divulgar o que se está a passar.
Raquel, não quer ficar como "administradora" daquela página do FB e fazer dela o que achar melhor (com a promessa do meu total empenho e subordinação)?
Mas acho que o Tiago tem feito um trabalho fantástico! O que prometo e farei é passar a palavra a todos os que puder. Neste momento acho que é deixar a coisa correr por si e o passa-palavra começar a funcionar. Entretanto vi o Sr. Oliveira a filmar o corte das árvores. Vou pedir-lhe o filme para colocarmos na página.
Raquel: e eu sei lá como é que se passa o filme para a página. Bom, compreendo, temos pena.
Eu trato disso, não se preocupe. Posso publicar o vídeo na página da causa. Vou falar com o Sr. Oliveira a ver se consigo que ele mo envie.
Raquel: Obrigado
dá vontade de ir a Lisboa só para assinar o abaixo assinado!
estou absolutamente solidária.
é muito triste quando há pessoas que cortam árvores como se fossem ervas daninhas! em Lisboa ou em qualquer parte do mundo!
"as árvores são os sonhos da terra".
Marta, não precisa de vir a Lisboa, há uma petição on line (ver petição, on line, jardim do príncipe real, e no FB uma causa chamada "Nem mais uma árvore a menos no Príncipe Real"
Enviar um comentário