26.11.09

DO TEMPO DAS PESSOAS FELIZES QUE SABIAM O NOME DAS ÁRVORES

Enquanto aguardo pela publicação da Acta da reunião de Câmara de ontem (25 de Novembro), publico uma Acta que tem cem anos.

Enquanto hoje se justifica o corte de árvores perfeitamente sãs, por terem "crescido mal" - uma espécie de aplicação da teoria da "culpa da formação na personalidade" ao arvoredo - há cem anos a Câmara tratava das árvores doentes, procurando saber a causa da doença e obrigando que cada intervenção fosse acompanhada de agrónomo. Era o tempo das pessoas felizes que sabiam o nome das árvores (Cecília Meireles: "Há, decerto, pessoas felizes que sabem o nome das árvores").

Extracto da Acta da Câmara Municipal de Lisboa de 8 de Julho de 1909

"Leu-se também uma informação d'està mesma repartição, declarando que a mortandade no arvoredo da Avenida da Liberdade e Praça de Marquez de Pombal é devida ao derramamento do gaz da Iluminação publica no terreno, saindo pelas caldeiras das arvores, onde a terra movediça facilita essa sahida, mas depois de prejudicar o arvoredo pela asphyxia das raizes.

Sobre este assumpto faltaram os srs. Ventura Terra, Miranda do

Valle e Verissimo d'Almeida, declarando este ultimo senhor que, na sessão passada referiu-se ás arvores da Avenida da Liberdade em frente da rua da Gloria e não ás que esta informação indica, e que a causa da morte d'aquellas a que alludio, foi a forma porque se lhe fez o descasque dos troncos e não o derramamento do gaz.

Deliberou se mandar informar com urgencia quem mandou fazer o descasque das arvores a que, o sr. Verissimo d'Almeida se referiu, e, se para esse trabalho foi ouvido o agrónomo."

(ver o documento original aqui)


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