26.11.09

EM DEFESA DO PRÍNCIPE REAL / 3º DIA (cont.)


"Para a próxima, vou eu colocar placas nelas"


[Notícia do Público / Comentário do Vereador José Sá Fernandes / Comentário desse comentário]


"O abate de algumas dezenas de árvores no jardim do Príncipe Real, em Lisboa, vai continuar. Segundo o vereador do Ambiente e Espaços Verdes, José Sá Fernandes, é inevitável a substituição de pelo menos 46 choupos, ulmeiros e rubíneas, por estarem doentes. No seu lugar surgirão lódãos e novas rubíneas.


Pedro Cunha




O mau estado de saúde dos espécimes é a principal razão invocada para o abate


O mau estado de saúde dos espécimes é a principal razão invocada para o abate. E mesmo quando o cepo que restou não mostrava mazelas havia ramos já apodrecidos. Noutros casos, são árvores que "cresceram mal", com ramos demasiado longos e esguios, susceptíveis de se partirem. "Cairiam com qualquer rabanada de vento. Na semana passada caiu um ramo em cima de um automóvel. Podia ter caído em cima de uma pessoa", frisa Sá Fernandes, acrescentando que nenhuma das árvores históricas e classificadas será cortada. O estado de saúde do ex-libris daquele jardim, - um cedro com mais de 20 metros de diâmetro - é, aliás, "bom".

Nada disto evitou que o presidente da câmara, António Costa, tenha sido inundado com e-mails, sms e telefonemas de indignação por causa do que se está a passar no jardim que, até Abril de 2010, será alvo de obras de requalificação. No blogue do movimento Forum Cidadania, exige-se uma sindicância aos serviços camarários encarregados destas tarefas, para apurar, entre outras coisas, o destino da madeira cortada. Além disso, o movimento quer um inquérito, para determinar responsabilidades neste "grave atentado ao património da cidade".

"Não será este abate o primeiro passo para (...) a construção de um estacionamento subterrâneo no local?", questiona o Forum.

António Costa não gostou de se ver incomodado por tanta gente a reclamar. E avisou Sá Fernandes de que os munícipes têm de ser melhor informados sobre o estado das árvores a abater. "Para a próxima, vou eu colocar placas nelas", gracejou."


São inacreditáveis quer as razões quer o tom do Senhor Vereador José Sá Fernandes.


Tendo o corte das árvores sido determinado pela sua localização (como não nos cansamos de repetir) e não pelo seu estado de saúde, acrescentar agora como razão o facto de que algumas árvores cresceram mal; terem ramos esguios; não corresponderem à ideia de árvore do Senhor Vereador, é preocupante. Mais preocupante é o "para a próxima, vou eu colocar placas nelas", dito porque quem divide as árvores entre as que cresceram bem e as que cresceram mal. Em vez da placa provavelmente o Vereador José Sá Fernandes pode começar a colocar um carimbo, tipo serra eléctrica com os dizeres em baixo: "mal nascida" / "para abate", aí já poderíamos discutir o conceito do "mal crescida" ou "bem crescida". Desta vez, porém, não fazia falta, porque o critério foi aquele que está à vista de todos. TODAS AS ÁRVORES DO PASSEIO DO JARDIM JUNTO À D. PEDRO V FORAM CORTADAS.

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