No Blog dos amigos do jardim foram hoje publicado dois documentos eloquentes, que falam por si sobre o que foi e está a ser este processo de requalificação do jardim. Esses documentos podem ser lidos e vistos aqui.
Relativamente aos mesmos deixei o seguinte comentário nesse blog (que como comentário não permite a ilustração que gostaria de deixar no mesmo):
- Relatório do Laboratório:
Primeiro: Então há duas árvores que representam perigo nas 13 que faltam abater das 60 que o projecto inicial marcou para abate?
Onde está o relatório idêntico relativamente às que foram abatidas? Pela leitura do relatório parece que a principal razão de ser do abate são as consequências para as árvores da própria "requalificação"! Estou a ler bem? Mas essas árvores estavam - como as outras marcadas para abate desde o início!!! (consequência prevista de uma intervenção que considerou ser desnecessário o estudo prévio de impacto ambiental e que terá juntado ao projecto declaração nesse sentido?)
Segundo: Parece que o relatório afirma que as restantes árvores que não representam perigo, necessitam de "manutenção" (ver última plante e respectiva legenda). Manutenção? é abate?!!. Outra questão: Se a origem dos problemas daquelas árvores foi uma má manutenção anterior, quem fez essa manutenção serão por acaso os mesmos que agora as vão abater, para não as ter de manter mais?
Terceiro: Olhando para o mapa das árvores do Príncipe Real e lendo este Relatório parece evidente que nem todas as árvores de alinhamento eram choupos negros (populus nigra), a maior parte era de uma espécie que corresponde, por exemplo, a uma árvore classificada como de interesse público (pupulis canadensis, na Quinta dos Lilases, sobre o qual fala positivamente a própria Câmara Municipal de Lisboa, pode ler-se aqui), que nem todas as "árvores de alinhamento" estavam doentes; e que algumas delas não podem ser substituídas por outras iguais porque simplesmente a sua replantação está proibida (o que não acontece com a sua conservação que não só não é proibida como corresponde a um dever de conservação do património existente). Ora se sob a designação de "árvores de alinhamento" se queria significar "todas as árvores que fazem a muralha de árvores que é o exterior do jardim, como justificar que não tenha sido aqui seguido o mesmo padrão de intervenção do já invocado (insuspeito e respeitado por todos) Arq.to Ribeiro Telles, que na Gulbenkian foi procedendo à substituição gradual dos choupos de modo a não eliminar de uma vez a função de de barreira que aquelas árvores desempenham relativamente ao interior do jardim?
- Acta de reunião com a Autoridade Florestal Nacional
Este é grave! Ainda mais grave! Então a AFN que deveria ter sido tão consultada - no mínimo - como foi o IGESPAR, tomando conhecimento no dia 2 de Dezembro de que fora preterida e de que grande parte da intervenção num jardim com quatro árvores classificadas como de interesse público ocorrera sem que esta entidade se pronunciasse e garantisse a posterior fiscalização dos trabalhos, o que faz (ou diz) é que vai elaborar um relatório? Perante a ilegalidade cometida, da sua não consulta prévia, da não emissão de um parecer da sua parte, o que faz é ir lá no dia 2 de Dezembro e prometer um relatório, quando a lei lhe dá os poderes/deveres de embargar de imediato a obra até que a possa avalizar?
Palavras para quê (do anúncio do outro tempo) somos todos uns artistas (Portugueses), mas já não usamos a pasta medicinal Couto, porque receio bem parece já não haver remédio.
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