18.5.09

CONTINUAÇÃO DE UM FOLHETIM

Eu não sou este, nem sou o outro (Paul Auster)




Há alguns meses passei para este Bolg o início de uma história que desde os meus vinte anos procuro escrever, o título desse post é "Início de um Folhetim" (ver aqui).
Por muito que diga que a quero escrever não por ser a história de parte da minha família mas por ser uma história que tem tudo o que eu gosto numa história, não posso deixar de ter a consciência de que só a mim me convenço.
Ainda assim não desisti de a escrever e recentemente comecei a tentar encontrar mais dados sobre as suas personagens, tendo mesmo feito um pedido de ajuda (também neste blog, ver aqui) e que gentilmente foi publicado num blog de Angola, onde o início dessa história estará algures à espera de ser descoberto.
Na pesquisa que iniciei sobre os dois primeiros personagens dessa história (José Rodrigues de Oliveira e Engrácia da Luz dos Santos, meus bisavós que se conheceram numa viagem de barco Lisboa-Luanda, no ano de 1894 ou 1895), vou anotando os livros que falam da Luanda do Século XIX. Hoje, vou à feira do Livro e só encontro um desses livros, o seu autor é Tiago Rebelo e o livro chama-se "O Tempo dos Amores Perfeitos".
Começo a ler o livro e percebo que a acção se desenrola no ano de 1894, as primeiras palavras da introdução do livro são: "Em 1894 (...)". A primeira linha do primeiro capítulo é: "A corveta de três mastros adornou assustadoramente para bombordo (...). Leio as primeiras 19 páginas, estou a jantar em Carnide e começo a sentir aquilo, uma espécie de arrepio, vertigem que se por um lado me faz querer parar de ler, leva-me a querer ler tudo o que estou a ler de uma assentada, para que aquilo passe, para que perceba, para que não fique outra vez com esta sensação de que destino se ri de mim, sem que eu saiba ter o humor suficiente para lhe responder. As primeiras dezanove páginas do livro são a descrição de uma viagem de barco entre Lisboa e Luanda em que Carlos Montanha, jovem tenente do exército Português que regressa a Angola para uma nova missão, conhece Leonor "encantadora filha do governador de Luanda.". Leio a contracapa do livro e está também lá tudo, o ano de 1894 e a síntese da história, com relevo para o facto dela narrar os amores de quem se conheceu nesse ano de 1894 numa travessia de Lisboa para Luanda. Paro de ler, tento pensar racionalmente. De novo o paralelo com Paul Auster, de novo a carga desta família e da sua história. Não consigo ler mais, corro para casa e procuro o endereço de e-mail de Tiago Rebelo. Abuso do facto de o ter encontrado e envio-lhe uma carta, que espero lhe seja entregue pelo e-mail do Google. Na história que começo a ler de Tiago Rebelo a coincidência das datas, da circunstância do conhecimento no navio, e da mesma origem e o destino da viagem, tornam as diferenças dos personagens (Carlos Montanha é tenente do exército, José Rodrigues de Oliveira seria um comerciante abastado; Leonor é filha do Governador de Angola, Engrácia seria filha de húmildes trabalhadores que emigravam para Angola) uma espécie de variação dos nossos apelidos, ante a coincidência do mesmo nome próprio. Arrepia e seduz este Folhetim.

2 comentários:

Marta disse...

Que interessante paralelismo! Vou ler os links que indica!
E não desista de escrever essa sua história!

Tiago Taron disse...

Não só não resisto como sinto que a escrevo todos os dias, o que sinceramente me deixa meio confuso, como se fosse aleanado (como está escrito nos antigos hospitais dos alianados) nisto de não viver completamente os meus dias. Porém, no meu caso, eu penso mal e escrevo pior, ao contrário do Mestre, exactamente ao contrário, pelo que não espere muito dessa história, quando e se for escrita. Obrigado Marta.