14.2.21

Ducado de Caminha

 


A história do Ducado de Caminha e da Casa de Vila Real, literalmente decapitada em 29 de Agosto de 1641, daria um excelente filme, eventualmente uma série de Netflix, com todos os ingredientes que entram na composição dos últimos sucessos de narrativas históricas: Poder, intriga palaciana, amores, traições e alianças.

 

Este ano contam-se precisamente 400 anos da sua criação, por Decreto Real de Felipe III (de Portugal, já que de Espanha foi o IV, “O Piedoso”, em ambos os reinos), datado de 20 de Dezembro de 1620. Enquanto Ducado foi o mesmo confirmado por D. João IV, após a Restauração, por carta de 14 de Março de 1641.

 

Caminha foi o 13º Ducado de Portugal [ou ainda é para os Espanhóis que o continuam a considerar seu - veja-se a decisão  por Acórdão da Comissão Permanente do Conselho de Estado do Reino de Espanha, proferido em 18 de Janeiro de 2018 ] e existiu enquanto tal até ao dia 29 de Agosto de 1641, em que se montou no Rossio, um impressionante Teatro Público da Morte, em que foram executados (entre outros) um Pai (6º Marquês de Vila real - acusado, juntamente com o então Arcebispo de Braga e com o Conde de Armamar - de conspiração com vista à morte de D. João IV e da rainha Luísa de Guzman) e um filho (Miguel Luís Menezes – 2º Duque de Caminha), cujo único delito imputado fora o de tendo tomado conhecimento da alegada conspiração, não ter denunciado ao seu novo Rei, os planos do seu Pai de sempre.

 

A chamada casa de Vila Real terá tido o seu momento alto - e ponto de partida para um enorme poderio que foi alcançando - na tomada de Ceuta. D. Pedro de Menezes acabou por ser o escolhido pelos Infantes e por D. João I, para ficar a defender Ceuta, depois da sua célebre tirada “Com este aleo a defenderei”, empunhando um bordão de oliveira silvestre com que estaria a jogar, com outros cavaleiros, uma espécie de hóquei medieval chamado a choca. É essa a origem do pau empunhado que se encontra nas armas da casa de Vila Real, o mesmo que foi mandado partir por D. João IV, após a decapitação daquela casa.

 

O relato dos acontecimentos que determinaram a decapitação da casa de Vila Real (e do Ducado de Caminha), encontra-se cinematografica e detalhadamente feito no livro de Pinheiro Chagas com o título "A Máscara Vermelha" (disponível nos alfarrabistas, incluindo os on line e livremente acessível na sua versão integral aqui)

 

Trata-se de um romance escrito por Manuel Pinheiro Chagas para substituir na respectiva colecção - Bibliotheca Universal - a publicação do Romance que se aguardava de Camilo Castelo Branco, que adoecera e enviara ao editor carta que, desde a cidade do Porto e em Porto e em 26 de fevereiro 1873 terminava assim: "Se me restabelecer , seguirei depois com muita sa tisfação ; desconfio , porém , que a minha carreira está atravancada por um estorvo incommodo e serio que se chama a sepultura . Acceito tudo alegremente ; e sou ". Aquele incómodo só chegaria e por sua mão 17 anos depois, a 1 de Junho de 1890.

 

Os factos relativos ao processo foram por sua vez descritos no primeiro número da Revista Caminiana, por João M. F. Silva Santos no seu artigo “Caminha Através dos Tempos” (fls. 161 a 201)

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